7.12.- Novo Aumento de Capital:-Dissolução.

Com a desvalorização de nossa moeda, que já se fazia sentir em todos os ramos de atividades e, de um modo geral e especial no, comércio e também pelo fato de termos empregado grande parte de nosso capital social em moveis e imóveis, a Diretoria Executiva da Sociedade se sentiu na obrigação de propor um aumento do capital social. Elaboraram uma proposta, apresentaram-na ao Conselho Fiscal, que forneceu um parecer favorável.

A seguir foi convocada uma Assembléia Geral Extraordinária para a assinatura das ações propostas. Na reunião desta assembléia houve muitas contrapropostas e debates e discussões. Era opinião da maioria que se pusesse um limite ao máximo das ações a serem subscritas por acionista, e este limite não devia ser muito elevado a fim de todos poderem subscrever este máximo, para assim conservar a igualdade de direitos e de capital na Sociedade desde o início de sua existência. Este limite máximo motivou longas controvérsias, debates, discussões, pois que, sendo fixado este limite muito módico, não se atingia o total proposto, e. por outro lado os sócios de menos capacidade desejavam um prazo mais longo para integralizarem as suas ações subscritas. Longamente debatido, em tom de cordialidade se chegou a um acerto. Estipulou-se o limite máximo de C$ 50.000,00 e concedeu-se um prazo de dez anos para integralização das ações a serem subscritas. Verificara-se, desde os primórdios da Sociedade, que as integralizações do capital se efetivavam, por muitos, apenas com os retornos dos lucros de cada um justamente os de menos posses levariam muito tempo para complemento de suas ações. Com o raciocínio de que o capital assim elevado para mais do quádruplo, de 830.000,00 para C$ 3.530.000,00, seria o suficiente para a marcha evolucionária da Sociedade União Colonial S.A. dentro do prazo concedido, cedeu-se às imposições do limite máximo e do longo prazo para o término da integralização das ações.

Quão pernicioso e maléfico foi esta deferência, só no decorrer dos dez anos de prazo a Sociedade observou e veio a sofrer as conseqüências. A desvalorização galopante de nosso dinheiro veio a recrudescer justamente dentro deste prazo concedido, em que o preço das utilidades subiram por mil vezes o preço anterior e um novo aumento do capital não era possível, enquanto as ações anteriormente subscritas não estivessem completamente integralizadas, de acordo com a Lei de Sociedade Anônima.

A ação maléfica da inflação que se vinha sentindo antes deste aumento de capital, continuou. Tornando-se cada vez mais insustentável, a Sociedade, claudicando, vinha-se arrastando de ano para ano sem poder evoluir; pelo contrário foi obrigado a vender parte de seus bens mais dispensáveis, como o caminhão Mercedes Benz adquirido em 1956. O beneficiador de arroz com os demais pertences, a fábrica de extração de óleos vegetais, introduzi da em 1957, e, finalmente, o Posto de Monta, para se manter até o fim de 1965, quando na Assembléia Geral Ordinária de 1966 se resolveu convocar uma Assembléia Geral Extraordinária, para então deliberarem sobre a liquidação da firma. Na Assembléia Geral Ordinária, de começo de 1957, o gerente Adolfo Back, que vinha dirigindo a sociedade desde o início, portanto por vinte e dois anos, sentindo-se doente, pediu demissão do cargo e seu substituto foi Fidelis Back, que era o guarda-livros por dez anos.

O passivo da firma foi todo solvido, muitos ex-sócios receberam as suas ações em dinheiro ou em lotes urbanos e outros bens, recebendo os primeiros dez por um e os últimos quinze por um, os restantes esperam a liquidação total da empresa. A antiga fabrica de banha, que mereceu o número de inspeção 302, durante muitos anos assinalava um regular movimento e introduziu, após a sua construção inicial, outros melhoramentos, como o tacho de fundo duplo e outros. Desde que os caminhões dos frigoríficos do Norte do Estado aqui compareceram, comprando os suínos para o abate, por terem melhor e completo aproveitamento do produto e, portanto, um preço melhor para os porcos vivos, a nossa fabriqueta ficou um tanto paralisada até que, afinal, foi-lhe cassada a inspeção, sem a qual não se podia exportar para o consumo interestadual. Os utensílios, mesas cobertas de aço inoxidável, cochos de aço inoxidável, prensa e tacho de fundo duplo, foram vendidos ao Frigorífico ora existente em nossa localidade.

Assim se percebe, ao rememorar os acontecimentos, que a sociedade comercial de nossa localidade começou com um debilíssimo fundamento econômico, se desenvolveu rapidamente, igual a uma árvore frondosa, e por um infortúnio imprevisto desapareceu do tumulto do mundo.

Lembra-nos este fato de quando líamos a História Universal: no final, constava uma reflexão dos acontecimentos de todos os tempos, como se descortinaram no decorrer dos tempos muitas potências que de peque ninas se soergueram em potestades, submetendo outras contemporâneas, chegando ao ápice de dominar grande parte do mundo, para dali declinarem a um país débil ou desapareceram totalmente do mapa mundial.

Continuando com esta reflexão de tudo quanto há no orbe terrestre, chega-se à conclusão que tudo é inconstante e perdível, notadamente a vida humana.