5.2.- Gafanhotos.

Já no ano seguinte, em 1919, verdadeiras nuvens de gafanhotos, pousavam sobre todo o território desta localidade e justamente no começo do mês de novembro. Muitas lavouras estavam feitas e outras afazer. Primeiro, todo o pessoal disponível, homens e mulheres e até crianças, foi empregado para enxotar os terríveis insetos das lavouras. De nada adiantavam todos os esforços; pois, os gafanhotos levantavam vôo para pouco mais adiante se sentarem de novo. As lavouras feitas desapareceram em poucos dias, pois que os famintos insetos devoravam tudo, até as raízes das plantas,. A tenacidade dos gafanhotos de permanecer no ponto de pouso escolhido, logo revelou o motivo. Era o tempo de desovação dos terríveis insetos. Uma vez terminada a desova, os gafanhotos levantaram vôo, seguiram para em outras paragens continuar com a sua ação destruidora.

Os lavradores continuavam replantando todas as lavouras destruídas pelos gafanhotos. Este replantio não se prolongou por muito tempo. Veio o produto da desova. Apareceram do chão verdadeiras leivas de filhotes de gafanhotos, ainda mais vorazes e de difícil combate de dispersão. Nos terrenos limpos e nos potreiros, o aniquilamento dos pequenos gafanhotos, era, se bem que trabalhosa, mas possível. Faziam-se valos nos terrenos e depois, enxotando rumo a um destes valos os pequenos insetos, de pulo em pulo iam cair no vaIo, ficando no fundo do valo camadas grossas dos pequenos saltadores, que então eram cobertos com terra, onde pereciam. O resultado foi a perda de todas as lavouras do ano, apesar do esforço. Era edificante ver como todos se ajudavam mutuamente no combate a essa praga.

Aliás, não foi só por esta ocasião que o espírito de solidariedade se fez sentir. Nas doenças, nos desastres, em caso de morte, todos se faziam presentes para aliviar o mal e a dor do próximo.