2.8.- Desenvolvimento Paralisado.

Os pioneiros de Forquilhinha estavam persuadidos de que, uma vez começada a formação de uma nova colônia, outros das velhas colônias do Capivari e do Braço do Norte os seguiriam. No entanto, não foi assim. Todos aqueles que tinham comprado a sua gleba de terra, vieram para ocupá-las, mas nos três primeiros anos, apenas aumentou uma família, a de Felipe Arns, que comprou terras na margem esquerda do rio Mãe Luzia e veio em 1914. Talvez fossem as dificuldades mil que se apresentavam com a transladação de lá para cá, mas o motivo mais provável era a má comercialização dos produtos da lavoura. A única praça para venda era Nova Veneza, para a firma Bortoluzzi, que mantinha pequeno comércio para a região serrana, ou então transportavam de carro de boi, principalmente, arroz e banha, para a estação da estrada de ferro Dona Teresa Cristina em Palmeiras, hoje, Pindotiba.

Quantas dificuldades, quanto dispêndio de tempo e dinheiro trazia um transporte de cargas para tão longe por estradas péssimas, todas esburacadas ou cobertas de pedras. Não se pode hoje avaliar. Este trajeto era o mesmo que nós, vindos do Capivari, devíamos passar. Encontrava-se na estrada longa fila de carros de bois; gritos e mais gritos se faziam ouvir com os pobres bois, que levavam, com extraordinário esforço, para frente a carga, que, aliás, não era de muito peso; pois, se assim fosse, lá não chegariam. Não raro se encontrava um carro atolado, outros quebrados.

Nem sempre se podia vender o arroz que se produzia, ou os suínos para o abate. Pelo primeiro arroz que colhemos aqui em 1912, queriam pagar apenas cinco mil-réis por saca de 51 quilos... e posto em Nova Veneza! Os porcos eram abatidos em casa; extraídos os ossos, eram levados a Nova Veneza a 6 mil-réis a arroba, o que correspondia a 400 réis o quilo. Para miudezas, ovos, manteiga e leite, não havia praça.

De uma feita, conduzíamos com o carro de bois umas trinta arrobas de suínos abatidos; chegamos ao Morro da Miséria, com os bois já cansados, devido à estrada horrível em toda a extensão, e no morro um lamaçal de barro vermelho e endurecido; os bois não puderam arrancar o carro por aquele barro. Fomos obrigados a carregar nos braços os meios quartos, como eram divididos os suínos abatidos, por entre a lama até em cima do morro, colocando-os no capim ao lado da estrada, para então, com o carro quase vazio, subir o morro com os bois e o carro até onde estava a carga, e recolocá-la no carro e chegar até Nova Veneza.

O desenvolvimento de Forquilhinha se achava um tanto paralisado após a vinda das primeiras famílias. Em 1914, entrava para a nova colônia Augusto Arns, que foi um dos primeiros compradores de terras em Forquilhinha, mas que, por motivos de doença, teve a sua vinda retardada, e mais a família de Felipe Arns, pai de Augusto, Gabriel e Jacó. No ano seguinte, i.e., em 1915, veio apenas a família de Carlos Sehnem, que adquiriu um lote de terras fronteiriço ao rio Mãe Luzia, que pertencia de início, por compra de José Canela, a João Backes de São Bento, extremando pela parte sul com terra de João José Back. Outros pareciam não animados a vir, dadas a dificuldades que se apresentavam, aos primeiros moradores.

Entre os moradores antigos das redondezas, havia diversas famílias de origem polonesa ou outra como os Langer, Utenski e Tiscoski. Estas famílias não tomaram ligação direta em todos os empreendimentos, a não ser a família Tiscoski, já citada, na construção da primeira escolinha.

Como a família Adolfo Tiscoski aqui permaneceu, se multiplicou, tomando parte no desenvolvimento de Forquilhinha é de justiça que se mencione também a sua origem. De acordo com as informações verbais suas, Adolfo Tiscoski era alemão nato da Prússia Oriental. Após o seu casamento com Alvina Sauer na Alemanha, emigrou para a Polônia, onde tomou o nome Tiscoski; pois, o seu nome na Alemanha era Adolfo Rosner e ambos, ele e ela, eram protestantes. Emigraram para o Brasil, ainda no fim do século XIX, com outros imigrantes na zona de Nova Veneza, de onde veio para cá. Com seu filho homem mais velho, Eduardo, quando este tinha a idade de 12 anos, se ocupava só com serrar madeira a braço em toda a região e até em cima de serra. Os filhos, assim como vinham nascendo, eram batizados de acordo com a religião dos padrinhos. Quando os padrinhos eram católicos, o filho era batizado na Igreja Católica. Dois filhos de Adolfo Tiscoski nasceram em Forquilhinha antes da chegada dos pioneiros: Frederico e Luís. Ambos se integraram na comunidade.