3.2.- Primeiro Desdobramento da Escola.

Com a criação da escola particular em Forquilhinha, também se fundou uma sociedade de pais e mestres, denominada União Escolar de Forquilhinha, cujo estatuto foi visados e registrado junto à Secretaria da Educação e Cultura. O Presidente sempre reeleito era Gabriel Arns. O seu tino administrativo fez com que a escola sempre mais se desenvolvia, apesar das dificuldades econômicas que se faziam sentir. Graças a sua habilidade e bom-senso, a escola sempre mais crescia, e Forquilhinha lhe deve gratidão e reconhecimento.

Tendo, pois, o numero de alunos da escola aumentado consideravelmente, tomava-se impossível um só professor vencer os trabalhos do ensino para tantas crianças. Resolveu, pois, a União Escolar de Forquilhinha, durante as férias de fim do ano de 1920, convidar o professor Adolfo Back para aceitar o encargo de um segundo professor da escola. Com o emprego de mais um professor, o prédio da escola foi dividido com uma parede de tijolos, formando assim duas salas de aula, tendo cada uma as dimensões de 3,5 por 6 m. O primeiro e o segundo ano ficaram a cargo do professor Jacó Arns e o terceiro, o quarto e quinto anos para o professor Back.

Os sacrifícios eram enormes, tanto de ordem financeira como de espaço acanhado. Os pais dos alunos, novatos da comunidade, mal para, agasalhados, deviam mensalmente contribuir para com as mensalidades para os filhos que freqüentavam a escola, e os professores eram mal remunerados. O ordenado do professor não atingia, no começo, a cem mil-réis mensais; porém, eram pagos também os meses de férias.

Antes do começo das aulas, em fevereiro, os professores se reuniam para elaborar um programa de ensino para todo o ano letivo. Para todas as matérias das cinco séries, era fixada a tarefa a ser vencida: semana por semana, e lançada no livro próprio. Também era elaborado um horário para cada classe, que era rigorosamente obedecido. No começo do horário semanal, com exceção das quartas-feiras, estavam marcadas as horas de Religião, o ensino da Bíblia, do Catecismo e, aos sábados, orações e cantos sacros. Este programa anual se tomava necessário, pois que não havia, nem mesmo um programa oficial completo e adaptável à nossa escola. Também o programa elaborado para um ano não servia para o ano imediato, devido aos feriados da Semana Santa e outros não coincidirem de ano para ano. E óbvio que o restabelecimento de tal programa anual exigia muitos dias de árduos trabalhos. Este horário tinha a aprovação unânime dos pais dos alunos.

Não se fazia, como hoje é praxe, uma prova mensal das matérias lecionadas durante o mês, mas, sim, uma recapitulação de todas as matérias estudadas durante o ano, repetição esta que se fazia sempre no último mês do ano letivo. No dia do encerramento das aulas da cada ano, os pais eram convidados a comparecerem e se fazia uma prova oral em todas as principais matérias ensinadas durante o ano, e os pais compareciam e era tido como um dia de festa. A promoção do aluno ficava a cargo e critério dos professores. Sobressaíam como as principais matérias de ensino, a Religião, a Leitura, Aritmética, a História do Brasil e a Geografia do Brasil e, para os alunos das últimas séries, também noções do globo terrestre, os continentes, os oceanos, os países com as respectivas capitais, os rios, montes e mares.

Na Geografia, que partia da escola onde os alunos se encontravam, se incutia a idéia do torrão da comunidade, para passar a todo o município em que viviam, para então passar deste aos demais municípios circunvizinhos, e prosseguindo para todo o Estado, em continuação para todo o território pátrio. Não se usavam mapas de início, mas os mapas eram desenvolvidos perante os alunos no quadro negro, método que consideramos mais intuitivo para os alunos. Este método de intuição era usado para toda a Geografia, mesmo a mundial. Estamos convencidos que o êxito alcançado, se não ótimo, seguramente foi bom. Muitos dos nossos alunos que prosseguiram nos estudos, nos ginásios, nos colégios e nas faculdades, com referência à Geografia, nos atestaram que nos exames a que se submetiam para galgar os cursos subseqüentes, recorreram ao que tinham aprendido em nossa escola.