7.1.- Fundação.

Os motivos da situação financeira escabrosa de Gabriel Arns também se fizeram sentir junto aos agricultores. Se bem que no ano de 1925, puderam vender extraordinariamente bem os seus produtos coloniais, arroz e suínos, pela alta imprevista, também os artigos de para uso pessoal e doméstico tiveram alta considerável, não sofreram a queda brusca e só lentamente chegaram ao seu normal: toda a colônia sofreu com as variações do mercado. A situação financeira da colônia era extremamente delicada. Tentativas de Gabriel Arns para superar os grandes prejuízos de que foi vítima, também se frustraram. Assim se arrastaram os anos um após outro, sem notável melhora.

Era esta a situação da colônia de Forquilhinha. Em 1934 surgiu a idéia de se fundar uma cooperativa. Procurou-se um advogado, Dr. Renato em Tubarão, para que este desse as devidas diretrizes a serem seguidas. Ele elaborou a fórmula dos estatutos pelos quais a pretendida cooperativa pudesse seguir. Estes estatutos foram estudados, reformulados no que era possível dentro da lei. A comunidade se considerou em condições de fundar a cooperativa. Foi, quando se tropeçou na lei que estabelece para as cooperativas a restrição de só poderem comprar e vender aos associados. Isto não nos servia; pois, sabíamos de antemão que nem todos iriam tomar parte na cooperativa. E também estes deviam servir-se na novel empresa.

Não se conhecendo as leis que regem as diversas espécies de sociedades, resolveu-se suprimir do nome da empresa a ser constituída a palavra Cooperativa e substituí-la por Sociedade, ficando então a nova empresa denominada Sociedade União Colonial. Aconteceu, porém, que os estatutos estavam impressos e registrados com o nome Cooperativa. Assim, por equívoco permaneceu por muitos anos.

No dia 14 de junho de 1935, sendo todos convocados, compareceram 49 pessoas para assinar a ata de constituição da empresa. Todos indistintamente também assinaram em separado o compromisso de contribuir para a formação do capital social com dois contos de réis (2.000,000) cada um. Estava assim formado

um capital social de noventa e oito contos de réis no papel, porém o dinheiro correspondente não havia. Só um dos quarenta e nove associados, Joaquim Junkes, pagou de imediato os dois contos de seu compromisso. Também outros poucos contribuíram com pequena parcela de suas obrigações. Muitos, no entanto, não tinham o dinheiro, nem mesmo para pequenas parcelas de seu compromisso e declaravam que não de imediato nem sequer para o futuro próximo poderiam contribuir para a formação do capital e unicamente se responsabilizavam de deixarem que os lucros, que por ventura viessem a obter nos balanços do futuro, lhes fossem descontados para o pagamento do capital. De fato, a situação econômica de toda a comunidade era crítica; porém, não era bem a expressão da verdade de não poderem entrar com pequenas partes e só com os retornos para o pagamento dos compromissos assumidos. A verdade é que poucos acreditavam no êxito da empresa.

Constituída a Sociedade União Colonial, procedeu-se às eleições. Para Presidente e Vice-Presidente foram eleitos Gabriel Arns e Geraldo Westrup; para o Conselho da Administração: Bernardo Eyng, Rudolfo Michels, João Kurtz Filho, Geraldo Back, Leonardo Steiner e Adolfo Back; para o Conselho Fiscal Henrique Arns, Jorge Arns e Gregório Hoepers e os respectivos suplentes, Alfredo Steiner, Joaquim Junkes e Antônio Preis. Assim, sem eira nem beira, fomos à luta. Adolfo

Back, com noções de contabilidade, foi nomeado gerente da nova firma. Alugou-se no prédio de Gabriel Arns a parte em que tinha instalada a casa de negócios, paióis, fábrica de banha, etc. De comum acordo foi estipulado, em 12% dos lucros verificados nos balanços, o aluguel a ser pago.

Inventariou-se o pequeno estoque que Gabriel Arns mantinha, que passava agora para a Sociedade União Colonial. O Padre Paulo Linnartz fez um empréstimo de dois mil marcos, que, trocados por mil-réis, renderam na época 13.439$000. Contratou-se Leonardo Steiner para auxiliar o gerente nas lides da nova firma. Lentamente se começou a comprar produtos da colônia, reforçando aos poucos o estoque de venda de produtos, que a colônia precisava para o seu uso doméstico. Com mil e uma dificuldades, de ordem interna e externa, levou-se a marcha dos negócios até o fim do ano em curso. O balanço encerrado no dia 31 de dezembro de 1935, acusou um lucro global de 10.286$300 mil réis, que foram assim distribuídos:

12% para o aluguel 1.234,300

20% para a formação do Fundo de Reserva 2.057,200

5% para formação de F. de Prev. 514,300

63% para serem distribuídos aos associados

proporcionalmente à soma de suas compras

e vendas na Sociedade no período de suas

atividades comerciais 6.480.500

Total geral 10.286,300

Com os dados todos coletados pelo balanço, o gerente, munido ainda com o diário e o razão devidamente rubricados, seguiu até Tubarão, onde residia João Gomes, ex-secretário da Prefeitura de Criciúma e guarda-livros, para fazer o lançamentos corretos nestes livros, pois que até aqui ainda não tinham sido feitos.