6.- Primeira Casa Comercial.

O terreno na extrema do lado sul da área doada para a escola e igreja também pertencia a João José Back. Este também tinha apenas 100 m de frente. Esta área fora comprada e destinava-se ao filho Adolfo, que estudava em Blumenau. Aqui devia este estabelecer morada, uma vez que para cá viesse para juntar-se ao professor Jacó Arns na escola.

Em sua vinda, em 1918, Frederico Oderdenge, que não era agricultor, mas pretendia abrir uma casa comercial em Forquilhinha, cobiçava o terreno ao lado da escola e da igreja, que se pretendia construir. Tratando-se de um melhoramento que se pretendia introduzir, muitos insistiram junto ao proprietário do terreno, João José Back, e este cedeu o terreno para Oderdenge.

Quando, no fim de 1920, se tornou realidade a vinda e permanência do prof. Back, a comunidade se reuniu e deliberou ceder, por venda e compra, dois hectares, a começar da costa do rio até ao pé da colina, aqui conhecida por espigão, em que se localizavam a escola e a igreja em construção, para o professor Back estabelecer morada perto da escola e não tão distante. De fato, o professor Back residiu por pouco tempo numa casinha de madeira existente neste terreno, que fora construída para Eduardo Tiscoski durante o tempo em que este fazia os tijolos e as telhas para a primeira igreja de Forquilhinha.

A pretensa casa comercial de Oderdenge não passou de uma bodega e, portanto, não dava meios de subsistência para a família. Não tardou, pois, que Oderdenge procurasse vender a sua propriedade e se mudou para as imediações de Ituporanga. Gabriel Arns foi o comprador da propriedade. Depois de ter vendido a sua propriedade de frente, na margem direita do Rio Mãe Luzia, e que foi uma parte dos primeiros terrenos aqui adquiridos dos Irmãos Canela, venda esta que fez a seu irmão Augusto, adquiriu outras áreas anexas à que comprara de Oderdenge, e transferiu sua residência para a margem esquerda do rio, comprando outras áreas anexas à que comprara de Oderdenge. Aqui ampliou a casa comercial que logo se desenvolveu. Construiu uma pequena fábrica de banha e comprava os suínos abatidos da colônia e das redondezas, exportando a banha e a carne para o Rio de Janeiro.

Como a colônia e redondeza produziram muito arroz, já em 1923, com o espírito de iniciativa, que lhe era peculiar, comprou um bom beneficiador de arroz, um locomóvel a vapor, de 22 P.S., montou uma serraria e outras máquinas de beneficiar madeira e finalmente montou, uma olaria para tijolos, tudo movido pela máquina a vapor. Adquiriu por compra um terreno com uma serraria em Sangão Central. No ano de 1925, os preços dos produtos coloniais, porcos e arroz, subiram vertiginosamente. A arroba de suíno carneado chegava-se a pagar a 450 mil-réis. Também o arroz teve uma alta considerável. A fábrica de banha produziu neste ano cerca de 3 mil caixas de banha, a caixa a 60 kg, e centenas de jacás de carne salgada. Também o beneficiador de arroz não parou e produziu acima de 3.000 sacas, também de 60 kg.

A mercadoria, uma vez, pronta, era conduzida de carro de boi para a estação da estrada de ferro de Criciúma, onde já existia regular transporte de mercadorias para o porto de Laguna. Em Laguna, os depósitos de mercadorias estavam abarrotados por falta de praça nos poucos navios existentes, que deviam

levar os produtos da zona do Sul de S. Catarina para o Rio de Janeiro. Assim foi que Gabriel Arns alugou armazéns em Criciúma, depositando lá as mercadorias prontas para o embarque. Antes, porém, que os navios chegassem a dar vazão às mercadorias em princípios de 1926, estes apresentaram declínio tão violento que vieram se firmar novamente nos preços primitivos. E óbvio que uma queda brusca de preço e tantas mercadorias disponíveis fizeram com que Gabriel Arns se sentisse em situação econômica difícil de ser recuperada. Houve firmas que vieram mesmo à falência. O maior credor era a firma, Hoepcke S. A., que foi condescendente com o seu devedor, que se manteve em situação financeira, extremamente difícil por muitos anos.

Com o governo revolucionário de 1930 e ocupando a Presidência da República o Dr. Getúlio Vargas, este estabeleceu uma lei, em que todos aqueles que se achassem em situação financeira difícil, provocada pela violenta queda de preços, eram subsidiados pelo Governo Federal com determinada porcentagem da dívida. Esta lei também veio a favorecer a Gabriel Arns no tocante à dívida que tinha com a firma Hoepcke. Todos os imóveis adquiridos antes do desastroso e fatal ano de 1926, Gabriel Arns manteve; porém, pela falta de dinheiro ficar pouco produtivos.

Associou-se primeiro com seu irmão Jacó Arns e, depois, com seu cunhado Rodolfo Michels; mas como estes não possuíam recursos em dinheiro para lançar no negócio, em nada melhorou a situação.